quinta-feira, 14 de junho de 2007

Adultos








Esta música, além de ser uma de minhas preferidas, tem tudo a ver com este post... E sempre vale a pena ouvir "Teatro dos Vampiros" - Legião Urbana .
Abram em nova janela,ou sairão do blog... Talvez seja melhor ler o q escrevi e depois ouvir a música e prestar atenção na letra... Ou ao contrário (rs).
http://www.kboing.com.br/script/radioonline/radio/player.php?musica=200473&op=1


Engraçado o fato de ter criado este blog há dois dias e, de repente, ter me esbarrado em algo que escrevi há tanto tempo, mas tão oportuno para o que anda rondando minha cabeça. Reproduzindo:




Hoje, andando na rua, pude lembrar de alguns textos que li quando era mais nova; e, hoje, eu posso entender porque os autores falavam da realidade de uma forma ruim, bem distante do que falavam dos sonhos. Hoje eu entendo que, na maioria das vezes, o sonho e a realidade caminham separados; e que a realidade é mais dura, mais difícil, mais esmagadora do que qualquer coisa que eu tenha sonhado.




Hoje, andando, dei-me conta de que as poesias que faço quando caminho são muito mais bonitas e profundas do que qualquer coisa que eu tenha escrito; mas, depois, eu não me lembro de nada do que pensei para reproduzir no papel, e os pensamentos se perdem junto com meus sonhos esvoaçantes.



Hoje eu sei o que é real e sinto mais saudades do que sempre senti. Acho que hoje eu sei, aos 23 anos, o que é ser adulto- e é muito mais chato do que eu pensava quando criança...



Adultos não vêem desenho animado nem andam de bicicleta só para passear; adultos não jogam queimado nem horas de Atári. Adultos têm contas e stress, problemas e conflitos; adultos não podem se dar ao luxo de serem um pouco inconseqüentes, nem de vez em quando! Há uma obrigação explícita de que eles têm sempre que fazer o certo, ou então, não serão bem-vistos (mas quem é que sabe o que é certo?).



Adultos não fazem nada de bom, nada de produtivo, mas acham que fazem tudo, ou "de tudo um pouco", ou acham que fazem coisas demais- e são justo estes que não fazem quase nada...



Quebrei minha caneta preferida e minha promessa mais sincera. Esqueci de mim, mais uma vez. E, hoje, com toda essa adultice, fica difícil ser feliz por completas 24 horas. Há sempre algo mais importante, mais urgente, mais inadiável que as coisas que nos fazem felizes- e, geralmente, as coisas inadiáveis são um saco!



Hoje, sou só mais um adulto que não faz o que gosta, mas sim o que dará "retorno financeiro"- como se esse fosse meu sonho e como se eu ligasse pra isso... Mas tem que ser assim, "tem que ter o pé no chão", "um passo após o outro" e, finalmente: "Essa é a realidade"- a tal da realidade estraga-prazer.



Acabamos vivendo o sonho de outras pessoas e deixando os nossos para trás. Ou, vivendo a tal realidade, crudelíssima, em vez de viver sonhos e paisagens deslumbrantes...



Esta semana, eu perdi a vontade de tudo isso: de escrever um livro ou de ter um filho- mas plantar a árvore talvez fosse legal... (aliás, que foi quem disse que temos que fazer essas três coisas para nos sentir completos e acabar com a tal missão que viemos fazer aqui? E aí? Podemos morrer em paz depois disso? Coisa estranhíssima isso, mas há quem goste e repita; quem sou eu para falar que não deve ser assim?)



Hoje, sou mais uma adulta sem-graça, que amanhã vai olhar para trás e sentir o peso de algumas frustrações.


Hoje, sinto-me mais uma adulta ridícula e patética- mas só dá para ser desse jeito, "é a realidade", afinal, não é mesmo?
Porque, se eu pudesse, viveria do que gosto e do que desse na telha- de dias ensolarados, de dias nublados- aproveitaria todos os dias de natureza!- Sairia desta cidade poluída e viveria no alto de alguma colina, com aquele cheiro de vida, que só a natureza nos dá e nos revigora. E chamaria os amigos para jogar uma sueca e tomar uma cerveja, além de jogar muita conversa fora... E quando desse vontade, pilotaria meu helicóptero rumo à civilização (apesar de eu achar esse conceito muito distorcido- não acho que a civilização esteja aqui, no meio desse caos danado. Mas é aquilo, de novo, alguém disse isso um dia e outros começaram a repetir quem sou eu para dizer que não é assim?).



A questão é que, com tanta realidade e pé no chão, quando vemos, o dia acabou; a vida passou; o momento se foi; a oportunidade voou.



E eu? Tornei-me adulta (sem que eu ache glória alguma nisso); tornei-me real, nem um pouco diferente dos adultos que abomino- com sua falta de tempo para as coisas realmente importantes e tão simples; com as suas correrias.



Hoje, não estou mais em mim. Perdi-me no sonho ou na realidade de alguém. Eu mesma sumi, fugi e fui embora.



Não consigo me acostumar com a idéia de não ter mais 14 anos, não poder ver meus amigos todos os dias, fazer dança, teatro, música e ir à praia de ônibus com minhas amigas. Não me acostumo com o fato de não ter tempo- acho um absurdo "não ter tempo" - parece desculpa esfarrapada de quinta categoria, mas, o pior, é que é a mais pura realidade... (e lá vem essa palavra, de novo, atrapalhar meus pensamentos).



Queria encontrar Peter Pan e fugir para a Terra do Nunca- lá não seria obrigada a crescer e a fazer coisas chatas.

Quero jogar conversa fora o dia inteiro, cantar, dar muitas risadas, todos os dias, ao lado dos meus amigos, das pessoas que amo. Quero falar bobagens e não ter a obrigação de ler jornal- é chato pra caramba! (e quem foi que inventou isso também?)- quero só ler poesia ou o que quer que seja que me interesse. Quero perder o dia todo andando pela freguesia, visitando meus amigos. Quero tomar minha cerveja segunda-feira às 8h da manhã, ora, por que não? Quero rodinha de violão, piada sem graça, brisa no rosto, viagens cheias de perrengues- mesmo que seja aqui, de novo, para a região dos Lagos, mas é sempre tão divertido!


Quero tanta coisa! Só não quero, não aceito e não pretendo é crescer!!! Isso não!!! Existe ofensa maior que essa? Então, vamos encerrar este assunto...


Tatiana.

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