segunda-feira, 19 de maio de 2008

Fim

Fugi de casa. Corri para o campo dos sonhos- cheiro verde, pétala macia-, onde jogo corpo e pensamento esvoaçante.
Grito livre, brisa ao rosto, não há o desgosto de tempo finito- gosto suave de eternidade.
Gotículas celestes refrescantes atingindo a pele, sete cores misturadas ao longe, sol esquentando a paz, arco-íris no sorriso inevitável, olhos fechando junto ao suspiro- símbolo indiscutível de fim da angústia.
Mais um é expelido dos pulmões, saindo vagarosamente da boca, como um surrurro, aliviando a alma. E mais um... E o coração, tendo encontrado enfim o seu descanso, satisfeito, desacelerando, parou de bater.
Fim.

domingo, 18 de maio de 2008

Angústia



Descomplicando a vida, simplificando tudo. sendo apenas eu, assim, angustiavelmente desprotegida mesmo, de coração aberto e palavras sinceras. buscando o sorriso perfeito e a alegria escandalosa, atrás das lutas que valem a pena, parando de me esconder em minha espontaneidade e assumindo minha suave timidez, lutando pela felicidade, sempre...
e ser feliz é sempre meu objetivo maior. ser feliz e fazer feliz...
e a vida segue seu ciclo: doloroso, alegre, apaixonado, duvidoso, carinhoso, assustador. e os ciclos se encerram e se renovam.
cresci. depois de despencar de mil barrancos, depois de provar o doce e o amargo do coração, depois de ser feliz e entristecer, de sofrer e fazer sofrer, depois de sucessos e arrependimentos...
sei o que é passar uma madrugada acordada com coração acelerado, o que é precisar ler e não conseguir se concentrar, a roer as unhas até machucar, a fumar, como se expelir fumaça expurgasse problemas- sei como é se sentir idiota por isso-, sei o que é querer mudar de rosto para mudar a vida, sei o que é gostar de ficar sozinha, mas temer a solidão, sei o que é precisar de carinho, procurar quem amamos para pedir perdão, sei o que é morrer de dor de estômago, sei o que é desejar um calmante para dormir, sei o que é querer voltar no tempo e não poder- conheço a sensação de impotência-, sei o que é o sentimento de culpa e a vontade de gritar do quinto andar, a ponto de se ouvir na zona norte e na zona sul, sei o que é lutar e sei o que é não fazer nada, sei ser extremamente doce, assim como já fui extremamente injusta- e sofri por isso também-, sei o que é a vontade de tentar se fazer entender, quando se sabe que isso seria simplesmente impossível, sei o que é querer incessantemente que se coloquem no nosso lugar, mas saber que não há como.
sei ser feliz como criança e falar bobagens, sei chorar um dia inteiro e rezar em desespero, sei o que é querer fazer tudo por aqueles que amo, querer protegê-los de qualquer dor, sei o conforto e a segurança que há em um abraço e que um segundo de olhares que se cruzam muitas vezes vale mais que todas as palavras proferidas em uma vida inteira. conheço o valor do silêncio, embora quase sempre fale demais.
aprendi a ser menos impulsiva e mais paciente, da mesma forma que aprendi a ser menos sonhadora e menos otimista- mas isso faz parte também...
sei o que é receber mil elogios e mil críticas. sei não odiar quem não gosta de mim.
sei que sempre pagamos preços por nossas escolhas- paguei meu preço por todas elas e não me lembro de nenhuma que tenha sido realmente fácil, mas, todas elas, por mais tortas que fossem, foram escolhidas em prol de uma paz de espírito, que nem sequer sei se existe. no mais, mesmo descobrindo que muito do que sonhei era mesmo sonho, ainda assim, atrevo-me a continuar buscando. eu escolho sonhar! porque, graças a deus, sei o que é amar demais.