domingo, 16 de março de 2008

Outras Meninas

Sempre fui como as outras meninas. Sonhava em ser princesa. Um dia, um príncipe lindo me resgataria de minha varanda em seu cavalo alado. Sempre sonhei com as histórias perfeitas, com os finais felizes, em ser rodeada de pessoas completamente boas.
Sou a menina que chora quando volta pra casa, mas tenta parecer feliz novamente no próximo dia. A felicidade não desiste de mim, ou eu não desisto dela: convivemos com respeito e silêncio mútuos.Ela finge não me iludir e eu finjo não saber.

Cresci achando que era como as outras meninas. Descobri aos poucos que nunca serei uma princesa, que não há fadas madrinhas e que a gente tem que ralar muito para ter um final feliz. E que não é o final o que realmente importa,mas o caminho que percorremos tentando conquistá-lo. Cresci aprendendo a desistir da idéia de sonhar.

Sou a mulher que não acredita em contos de fada, que tem uma alma onde não há mais encanto, mas luta para conservar um sorriso em tempo quase integral.Saí do sonho para a realidade esmagadora. E é com ela que convivemos todos os dias. Aprendi a dar valor aos dias de natureza abundante, em qualquer lugar da serra do Rio; aprendi que a palavra “férias” tem muito mais acepções do que eu imaginava; aprendi a ser boa companhia para mim mesma e a falar bobagens, pois assim a vida é mais leve; consigo entender também porque um palhaço pode ser triste.

Absorvi conhecimentos mil, mas daria tudo mesmo é para voltar a ser como as outras meninas...

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