quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Copacabana

Gosto de andar pelo Rio de Janeiro da zona norte à zona sul
E de pensar no sorriso de quem me faz tão bem
Gosto do que sinto quando passo pela Avenida Atlântica
Do coração, acelerado, pulsando a nostalgia e a alegria,
Enquanto penso que grande parte de mim ficou ali,
Parada no tempo em que, para tudo, não havia o que dizer
Afinal, serão sempre mais do que palavras


Mais do que palavras... Ah, essas palavras que me faltam
Toda vez que tenho algo a sentir
Essas palavras que não tenho
De que não sou dona
E não me sinto digna de proferir,
Apesar do vasto vocabulário no Houaiss em minha estante...
Ainda assim, perco-me em sentimentos intraduzíveis!


E eu, que achava que a adolescência acabava aos 19...
Sei bem que nada sei
Sinto-me mais tola do que nunca!
Sei menos ainda esconder meu coração
Apesar de também não o saber dizer


Escrevo redondilhas durante a madrugada
Que continuam não encontrando o quê de que preciso falar...
Tenho medo de desaparecer de mim o som da batida de meu peito,
Quando passo por Copacabana,
E, mesmo que ninguém entenda, não:
Eu não prefiro Ipanema!
Pois é Copa a testemunha de que meu músculo involuntário existe
Embora não existam as palavras para dizê-lo...


E eu, que achava que manteria para sempre a coragem que carregava na sétima série,
Quando tinha respostas na ponta da língua para absolutamente tudo...
Mas palavras me somem quando penso nos dias de semana na Lapa
E no mesmo ônibus que me levava à Presidente Vargas,
Depois dos longos minutos ajeitando os cabelos
E escolhendo o perfume...

(Gosto que seu cheiro seja igual ao meu:
Toda vez que respiro, lembro você)


E há um trecho de vida martelando a cabeça
De conversas de casos e besteiras
De segredos escapados
Fechando e abrindo a geladeira a noite inteira
E sabendo que não adianta buscar as palavras:
Estão perdidas pela cidade...
Perdi a chance de encontrá-las dentre as canequinhas do Manoel e Joaquim
Tão feliz, ouvindo o samba da Portela, vendo sorriso e brilho nos olhos...



Esse Rio que conhece meus segredos
E eu, que virei boba de repente
E, em todos os sorrisos e sonhos imaginados,
As palavras daquele momento final
As palavras que bem conheço
E que teimam em não conseguirem ser ditas!


Eu, que conheci, agora, o que é ser covardemente ridícula,
Que tomei consciência demais...
Lembra como já fui impulsivamente incorreta?
Guarda mais um segredo? Adorava isso em mim...
Porque não fui errada por motivos vis
Apenas fiz o que todos pregamos, sobre seguir o coração...
Não, não sei mais segui-lo!
Preciso de uma mão que me puxe e me diga para sair de uma vez desse mundo de adultices
Essas responsabilidades idiotas criadas por seres humanos lunáticos
Talvez mais loucos do que eu!


Minha inconseqüência sempre foi amar demais
Mesmo amando errada, mesmo errando por amar
E, mesmo errada, amando, amor...
E ao amor amando e, do amor, a dor
E a dor de amar doendo dor
Essa dor gostosa de sentimento latejante
Essa felicidade doída de passear pelos cantos do Rio
Porque, toda vez que passo pela Avenida Atlântica, respirando fundo meu próprio perfume,
Lembro quem eu sou.
(porque me lembro de você).



2 comentários:

Tarcizio disse...

Continue a escrever, você faz isso de forma singular. :)

Tarcizio disse...

Escreva sempre, você faz isso de modo singular :)