(Para Paulinho)
A alma crua desliza no papel
em branco, transformando-o em um pouco de preto pálido, enquanto há uma mente
impulsionando a necessidade de sorrir. Com certo brilho nos olhos e muita
inspiração, ela suspira. E, enquanto suspira, o gosto da boca que deseja é
sentido junto à sua, numa respiração levemente ofegante, em um ritmo que se
acelera, semelhante à sua necessidade de se sentir viva.
Nada é mais revelador que a
respiração fora do compasso natural do Universo. Quem a olhasse, perceberia em
sua face, externando, enrubescida, a sua pulsação. E aquele sorriso leve, no
canto da boca, aquele sorriso senhor de seus sentimentos mais ocultos, guardado
em seu escaninho interior, denunciava seus verdadeiros anseios. Seus sentidos
confundiam-se: cheirava com as mãos, sentia o tato com a língua, saboreando
texturas e respirando as cores que se formavam à sua frente. E os sentidos a
escravizavam do desejo de sentir mais e de se reconhecer em tantas sensações
ofegantes.
Havia ainda aquele calafrio
que lhe subia a espinha, concluído em um sopro leve que passava por seus lábios
frios, aquecendo-os na temperatura exata de sua intensidade. Essa força
violenta de sentir o desejo, de respirar a vida que lhe corre as veias.
E um som sussurra em sua
pele, como soco no estômago: paixão!
Um comentário:
Lindo!
Postar um comentário