sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Descrente

Há os momentos de grito entalado e de saber-me tão pequena e impotente, como formiga diante de girafas e elefantes.
Hei de me saber e conhecer o meu lugar.
Hei de me decepcionar e engolir saliva seca, que mal chega à garganta inflamada.
E de sentir uma dor que ninguém sente, uma solidão personalíssima, exclusivamente minha e incompreensível para quem não está em mim.
Não há ninguém em mim que não seja eu: verdade dura e indelével.
Cansada de ser só em minhas pequeninas vontades de ser melhor e de agradar (a todos e a Deus).
Haveria sonhos lindos em mim.
Mas todo sonho é utopia de seu sonhador - os meus não são diferentes. infelizmente.
Amo e me canso de amar além da minha competência.
Meu amor ilimitado é limitado pela justiça dos homens e pelos acordos dos céus.
E, por finalmente perceber isso, eu, antes tão temente e preenchida de fé, torno-me cada vez mais descrente de tudo que há em cima da minha cabeça e embaixo dos meus pés.
Peço piedade e um pouco de compaixão àquilo que não creio mais e me revolta pelos desgostos desnecessários sofridos.
Sou mera operária dos fortes e prepotentes.
Em tudo.
A vida é de quem faz doer.

Nenhum comentário: